O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, teve um discussões acaloradas com Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski no julgamento da suspeição de Sergio Moro. Barroso votou contra a suspeição ao contrário de seus dois colegas.
Sessão virtual do STF |
“Ministro Lewandowski, me permite: Vossa Excelência acha que o problema então foi o enfrentamento da corrupção, e não a corrupção?”
Em resposta a Barroso, Lewandowski criticou as as prisões preventivas “alongadas” durante a investigação e usou as mensagens roubadas de procuradores para atacar a Lava Jato.
“Pode ser [prova] ilícita, mas enfim, foi amplamente veiculada e não foi adequadamente, ao meu ver, contestada”, disse Lewandowski.
Barroso voltou a criticá-lo:
“Mas, então, o crime compensa para Vossa Excelência”, disse.
Após Gilmar Mendes pedir a palavra e criticar a decisão de Edson Fachin de enviar ao plenário o caso ao plenário, mesmo após a Segunda Turma ter decidido pela parcialidade do ex-juiz, Barroso iniciou uma discussão com o colega:
“O processo estava sob minha vista. Não cabia ao relator pedir adiamento. Portanto, cabia a mim colocar o processo para julgamento”, disse Gilmar Mendes.
Barroso disse então que se havia divergência entre o Edson Fachin e turma cabia ao plenário resolver:
“Se os dois órgãos têm o mesmo nível hierárquico, um não pode atropelar o outro”, disse Barroso.
“Talvez isso no Código do Russo”, rebateu Gilmar Mendes, referindo-se a Moro.
“Não precisa vir com grosseria. Existe no código do bom senso. Se um colega acha uma coisa e outro acha outra, é um terceiro que tem de decidir. Vossa Excelência sentou na vista durante dois anos e depois se acha no direito de ditar regra para os outros”, respondeu Barroso.
Gilmar rebateu: “O moralismo é a pátria da imoralidade”.
“Nada de moralismo, é só respeitar as regras”, afirmou Barroso. “Não tem moralismo nenhum. Vossa Excelência cobra dos outros o que não faz.” “Fica criticando o ministro Fachin depois de ter levado dois anos com o processo embaixo do braço, esperou a aposentadoria do ministro Celso, manipulou a jurisdição. Ora, depois vai e acha que pode ditar regra para os outros.”
“Vossa excelência perdeu, perdeu.”, disse Gilmar Mendes.
Fux, que já havia tentado encerrar a sessão, interrompeu a discussão. “Me perdoem, não gosto de cassar a palavra de ninguém, não gosto de cassar as palavras dos colegas, mas está encerrada a sessão.”
No julgamento, o plenário confirmou a suspeição de Sergio Moro que havia sido declarada pela Segunda Turma. Ainda faltam os votos de Marco Aurélio e Luiz Fux. O julgamento seria retomado na próxima quarta, mas Marco Aurélio, que pediu vista e não há data para voltar.