O deputado Luis Miranda, que disse que Bolsonaro foi informado das irregularidades na compra da Covaxin, teria recebido uma oferta de propina para não atrapalhar a compra da vacina Covaxin, segundo reportagem da revista Crusoé. Segundo a revista, o deputado participou de duas reuniões com um lobista homem de confiança do deputado Ricardo Barros, que também participou de uma dessas reuniões.
“A certa altura da conversa, disse que o próprio Luis Miranda poderia ser recompensado caso topasse ajudar na empreitada – sem falar em valores, disse que, se tudo desse certo, a reeleição do parlamentar estaria garantida. O deputado saiu da mansão do lobista sem que a conversa avançasse.”, diz a revista.
O lobista Silvio Assis |
Já em maio, mais de um mês depois, Miranda foi a uma nova reunião que ocorreu na mesma casa, desta vez a reunião contou com a presença do deputado Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro na Câmara. Eles tentaram novamente convencer Miranda a fazer parte do esquema fazendo com que o irmão de Luis Miranda, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, parasse de atrapalhar a compra da vacina.
“A certa altura, Silvio Assis, que demonstrava falar em nome da Precisa Medicamentos, a empresa brasileira intermediária do negócio com o Ministério da Saúde, disse a Luis Miranda que ele poderia ser muito bem recompensado caso aderisse à empreitada. A conversa passou a envolver valores… Silvio Assis prometeu a Luis Miranda uma participação sobre cada dose da vacina que seria vendida ao Ministério da Saúde: 6 centavos de dólar. O deputado entendeu bem a proposta. Se aceitasse a “parceria”, poderia levar 1,2 milhão de dólares – ou 6 milhões de reais – se a venda das 20 milhões de doses da Covaxin para o governo fosse finalmente concluída.”
Ricardo Barros teria oferecido propina a Luis Miranda |
O deputado Luis Miranda disse que rejeitou as ofertas de propina e até ameaçou dar voz de prisão ao lobista. Ele também diz não acreditar que a oferta de propina que recebeu tenha relação com a conversa que teve, dias antes, com o presidente da República para denunciar irregularidades no processo de compra da vacina.
O lobista admitiu que se encontrou com Miranda, mas disse que não tratou sobre vacinas. Ele também admitiu que Ricardo Barros estava em um dos encontros e disse que ele é um amigo e que se conhecem há mais de 10 anos.
O lobista Silvio Assis já é conhecido da polícia, em 2018 ele foi preso pela Polícia Federal em uma operação contra um esquema de venda de registros sindicais no Ministério do Trabalho. Assis foi acusado de cobrar propina para facilitar a aprovação dos processos.